Os juros futuros, também chamados de juros longos, são estimativas do mercado sobre a evolução da taxa básica de juros no Brasil. Essas estimativas consideram fatores macroeconômicos, como inflação e crises políticas, e podem afetar tanto investimentos de renda fixa quanto de renda variável.
Os contratos futuros de DI (depósitos interfinanceiros) são uma modalidade de investimento e precificam os juros futuros. Eles apresentam uma grande variedade de vencimentos, como um ano ou dez anos. Isso significa que os juros futuros podem oferecer previsibilidade em relação à taxa básica de juros em diversos momentos da economia.
Analistas consultados pela Forbes explicam para que servem os juros futuros e qual a sua importância nos investimentos.
Como funcionam os juros futuros?
Os juros futuros são influenciados por uma série de fatores, sendo o mais importante deles a inflação. Isso acontece porque a taxa de juros é o principal instrumento de combate à alta dos preços: quando a inflação sobe, o Banco Central aumenta a Selic, e o inverso ocorre quando a inflação está baixa.
Outros fatores, como a política fiscal, a atividade econômica do país, a confiança dos investidores e a dos consumidores, a balança comercial e até mesmo o câmbio também podem impactar os juros futuros.
Via de regra, quanto maior é o risco percebido pelos operadores do mercado em uma determinada janela de tempo, maiores serão os juros futuros para aquele mesmo período.
“Por que ele é tão importante assim? Justamente porque o investidor consegue ver que, se os juros estão mais altos, existe uma maior percepção de risco”, explica Breno Bonani, analista-chefe da Valor Investimentos. “Como geralmente acontece em qualquer tipo de investimento, se o risco é maior, a recompensa também aumenta.”
Dessa maneira, os juros futuros são uma forma de o investidor acompanhar as percepções do mercado sobre o futuro, de uma maneira que até extrapola as expectativas sobre a taxa básica de juros, tendo em vista que ela é influenciada por outros aspectos da economia.
É por essa razão, também, que os juros futuros costumam ser mais elevados do que a Selic.
“As projeções devem considerar todos os eventos que acontecerão pelo caminho nos próximos anos e, quanto mais distante estiver esse futuro, maior será a discrepância”, afirma Cristina Cardoso, especialista em investimentos da Veedha Investimentos.
Os juros futuros também são importantes porque exercem a função de hedge – ou seja, protegem contra as oscilações do mercado. Existem dois tipos de contratos que podem ser feitos com base nessas taxas: contratos futuros prefixados e pós-fixados.
Se a expectativa é de juros mais altos no futuro, um investidor pode vender um contrato de juros prefixados a fim de garantir a taxa atual. Já se a expectativa é de juros menores no futuro, o investidor pode adquirir um contrato futuro pós-fixado, garantindo a taxa do dia do vencimento e se protegendo contra a alta.
Os contratos de juros futuros são sempre baseados na taxa DI, que representa os juros médios praticados nos empréstimos entre bancos. Essa taxa é originada do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que anda de mãos dadas com a taxa Selic.
Qual a importância dos juros futuros para os investimentos?
Os juros futuros são referência para a precificação de todos os ativos de renda fixa. O Tesouro Direto, por exemplo, leva em consideração os juros futuros ao negociar títulos com o mesmo prazo de vencimento dos contratos futuros, reprecificado-os quando os juros futuros sobem ou caem.
Nesse sentido, os títulos prefixados e os títulos atrelados à inflação reagem de maneira inversamente proporcional aos juros futuros: eles se desvalorizam quando os juros sobem, e se valorizam quando os juros caem.
Os títulos pós-fixados, porém, acompanham a taxa básica de juros de maneira diretamente proporcional.
“O mesmo acontece com todos os outros títulos de renda fixa privada, que geralmente partem dos títulos públicos federais e adicionam um bônus”, comenta Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos.
A renda variável também é impactada pela variação dos juros futuros. Setores financeiros, por exemplo, tendem a ser beneficiados pelo aumento da taxa de juros. Por outro lado, os setores de varejo e de tecnologia são prejudicados pela alta, tendo em vista que o custo de novos empréstimos fica mais caro. Isso pode prejudicar o desempenho das ações.
Além disso, existe um movimento de readequação do mercado. Se os juros futuros aumentam, por exemplo, torna-se menos atrativo investir em renda variável.
“Se antigamente o investidor recebia 5% ao ano nos juros futuros, ele aceitava comprar as ações por um preço maior. Se esses juros passam para 8% ao ano, as ações caem para se readequar à realidade”, explica Oliveira.
O contrário ocorreria se os juros futuros caíssem – isso faria os investidores migrar da renda fixa para a renda variável, um movimento que valoriza o mercado de ações.
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