O Inter Shop, marketplace do Banco Inter lançado no início de 2020, superou pela primeira vez o marco de R$ 1,1 bilhão em GMV (volume total em vendas) em um único trimestre. O dado, apresentado na prévia operacional da plataforma referente ao quarto trimestre do ano passado, foi impulsionado pela Black Friday e pelo Natal, embora o CEO Rodrigo Gouveia afirme que o crescimento está apenas começando.
No total do ano de 2021, o GMV do Inter Shop foi de R$ 3,5 bilhões, avanço de 201% em relação ao ano de 2020. Segundo o executivo, isso se deve ao fato de que o Banco Inter, nesse período, conquistou 8 milhões de novos clientes, sendo que 474 mil deles utilizaram a plataforma de compras.
Com essa adição, o Inter Shop passa a contar com 2,7 milhões de clientes ativos. “A recorrência dos clientes também é um dado importante”, afirma Gouveia. “Geralmente, na busca por crescimento, acaba-se sacrificando essa vertical. Mas, aqui, a recorrência só vai aumentando, e chegou a 72% no trimestre passado.”
A plataforma é um lugar onde, tradicionalmente, os clientes do banco podem realizar compras online e ganhar cashback. Porém, novas funcionalidades estão sendo introduzidas, como o Inter Cel, a operadora móvel virtual do Banco Inter; o Inter Travel, que permite pesquisar e comprar passagens aéreas; e o Inter Pass, um serviço de assinatura com diversos benefícios.
Aapesar de contar com parcerias com mais de cem lojas diferentes e ter sido pioneiro entre os bancos digitais, o Inter Shop não é mais o único a oferecer serviços desse tipo.
Em novembro do ano passado, o Nubank lançou o seu próprio marketplace, em parceria com gigantes do varejo como Alibaba e Magalu, marcando a entrada de serviços não financeiros na oferta de produtos de um dos bancos mais valiosos da América Latina. A estratégia já havia sido adotada pelo C6 Bank em outubro de 2020, e hoje é estudada pelo Banco PAN, que realizou aquisições e fusões no ano passado visando a construção da sua própria “lojinha”.
Ainda assim, Gouveia é otimista sobre o futuro do Inter Shop. Apesar de apontar que, historicamente, os resultados operacionais do primeiro trimestre do ano costumam apresentar uma desaceleração, as expectativas são de que 2022 seja um ano de bastante crescimento.
“Nós vamos continuar a trazer novas categorias e a testar novos modelos, como o de assinaturas, e vamos trabalhar para otimizar a performance da plataforma”, afirma. “A longo prazo, também pretendemos investir mais no nosso mercado e ir para o mar aberto, inclusive fora do Brasil. Afinal, uma proposta de valor para o cliente vale em qualquer lugar do mundo.”
Na semana passada, a empresa remodelou completamente a página inicial da plataforma e criou um botão de “Pedir Ajuda”, designado a apoiar o cliente no período pós-compra. Além disso, foi lançado um programa de benefícios em alimentação com a marca Duo Gourmet, adquirida pelo banco em abril do ano passado.
“Demos muita sorte com o timing do lançamento da plataforma, porque unimos oportunidade e preparação”, diz o executivo. “Eu acho que a pandemia trouxe uma nova forma de o cliente pensar, especialmente no que se refere a jeitos de economizar e de comprar mais. Acreditamos que é um modelo que veio para ficar.”
Concorrência
Em relação a outras plataformas de e-commerce, Gouveia argumenta que o Inter Shop possui vantagens expressivas. Uma delas é o acesso aos dados dos clientes, tendo em vista que, além de conhecer o seu perfil financeiro, a plataforma ainda tem acesso às suas preferências em diversos segmentos.
“Podemos pegar como exemplo um aplicativo de comida, como o iFood. Ele conhece o que você come, quando você pede comida, onde você mora, e por aí vai. Mas ele conhece muito bem apenas um segmento”, explica. “Já o Inter conhece todos os segmentos, porque ele tem acesso ao seu consumo no cartão. Ele sabe os seus hábitos em todos eles.”
Outro diferencial é justamente a recorrência, que é impulsionada pelo fato de que a loja está localizada dentro do aplicativo do Banco Inter, que possui um grande volume de acessos diários.
Além disso, a plataforma também pode oferecer alternativas financeiras que são inviáveis para plataformas tradicionais de e-commerce. Um exemplo é dar a opção ao cliente de abrir mão do cashback para ganhar um limite maior de crédito.
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