O ecossistema de empresas de criptomoedas e blockchain está cada vez mais próximo do mundo dos games. A Xis, organização brasileira de e-sports especializada em Fortnite, anunciou parceria de naming rights com a OG, plataforma que integra jogos com o sistema de blockchain, permitindo que os seus usuários ganhem tokens na medida que jogam ou consomem conteúdo. Com isso, a organização brasileira, que já havia desenvolvido uma estratégia de fan token, no ano passado, passa a se chamar Xis Og Life.
O acordo foi negociado pela Druid e Rumble Gaming, agências de marketing com foco em e-sports. “Games (ou jogos eletrônicos) são, por definição, essencialmente virtuais. O ecossistema cripto também nasceu no meio virtual. É uma forma de atestar a propriedade de dados ou assets virtuais através de criptografia, de maneira descentralizada e transparente. Esse denominador comum (ambos terem se originado no meio digital), já aproxima os dois conceitos, mas essa aproximação se intensifica ainda mais quando levamos em conta as possibilidades de transações seguras, rápidas e descentralizadas que a blockchain permite”, diz Luiz Fontes, fundador da Equipe Xis.
Ainda de acordo com Fontes, os games, historicamente, foram vistos por muito tempo como puro entretenimento. “Recentemente, essa visão começou a mudar com os esportes eletrônicos, que mostraram que é possível viver de games e fazer do ato de jogar uma profissão. A profissão gamer se expandiu com o crescimento de plataformas de criação de conteúdo, como o YouTube e a Twitch, que permitiu que mais pessoas pudessem ganhar dinheiro jogando, e não necessariamente serem atletas”, reforça.
Esse contexto é promissor, explica Fontes, por que a maioria dos jogos do ecossistema tem um formato play-to-earn, no qual ao jogar, você ganha moedas que são incorporadas na blockchain e podem ser trocadas por moedas convencionais ou outras criptomoedas. “O potencial de ganhar dinheiro se divertindo no processo, fazendo algo que gosta, é um conceito muito atrativo. Além disso, com o crescimento dos NFTs, uma relação imediata foi formada com o metaverso, porque permite que as pessoas tenham itens próprios nesse mundo virtual que está nascendo.”
Luiz Fontes indica inovações que surgem da conexão entre games e blockchain:
1 – Gerar renda direta de jogos
“Essa é uma das principais inovações que surgiu da conexão entre games e blockchain. Antes, para gerar receita jogando, ou você tinha que seguir o caminho de ser um atleta profissional, ou tinha que criar conteúdo relacionado a jogos (obtendo receita de terceiros por meio de anúncios, por exemplo). Agora, com os games conectados à blockchain, você ganha criptoativos de forma direta ao jogar (no formato play-to-earn), que podem ser trocadas por moedas convencionais ou outras criptomoedas”
2 – Facilidade nas transações de itens de jogo
“Atualmente, quando um jogador possui algum item personalizado, só pode trocar ou vender se a desenvolvedora do jogo montar uma plataforma específica para isso. Com o ecossistema de cripto, a desenvolvedora pode apenas listar os itens por meio da blockchain, permitindo que os usuários troquem ou vendam itens de forma fácil e segura”
3 – Sistema econômico dentro do Metaverso
“Com a integração do metaverso com blockchain, tudo dentro da realidade virtual poderá ter sua propriedade atestada, como casas, propriedades e espaços de convivência. Assim, pessoas podem replicar formas de gerar renda no mundo real para o mundo virtual (como anunciar um produto num outdoor localizado na rua mais movimentada do metaverso), e ainda criar novas formas de renda que são impossíveis no mundo real. A blockchain permite essas múltiplas formas de transações digitais dentro da realidade virtual, formando um verdadeiro sistema econômico que integra o real e o virtual”
4 – Inserção de games já existentes e consolidados no ecossistema de cripto
“Muitos games consolidados hoje em dia, com milhões de jogadores ao redor do mundo (como League of Legends, Fortnite, Free Fire), ainda não exploraram o potencial da blockchain. Como esses jogos têm uma audiência massiva, se entrarem para o mundo cripto têm o potencial de movimentar milhões de dólares em ativos digitais e, adotando um modelo de compensação em criptoativos para os jogadores mais ativos, poderiam aumentar consideravelmente o número de pessoas que vivem de games”
5 – A reformulação da relação influenciador e audiência
“Hoje, o consumo de conteúdo convencionalmente tem uma direção: influenciador cria e audiência consome. Mas a blockchain possibilita que o consumo seja em ambas as vias, no sentido de que a audiência pode diretamente participar das ações do influenciador (por meio da tokenização da escolha)”
O que são criptogames?
Os criptogames vêm se tornando cada vez mais populares. Criado em 2018, o Axie Infinity, jogo baseado em NFT, da sigla em inglês tokens não fungíveis, é um dos que vem ganhando cada vez mais espaço entre as opções de investidores. Somente no terceiro trimestre de 2021, a plataforma liderou o ranking de investimento em NFTs com 19% das negociações. Em abril, o jogo registrava um total de 38 mil usuários chegando a 1,8 milhão em agosto e movimentando mais de US$ 2,2 bilhões em tokenização.
“Grande parte dos jogos que existem hoje em cripto não é jogável. Em sua maioria, são compostas pelos chamados click gas, cliques que você faz e o algoritmo decide se você vence ou não, de acordo com a raridade do seu NFT. Por isso, há uma busca tão grande por jogos que realmente divirtam as pessoas. Hoje, além do Axie Infinity, temos Thetan arena, Town stars e Mir4, que são jogos mais populares. Também existem alguns que ainda não foram lançados como Ember Sword, Star Atlas e Mirandus , projetos que os investidores e jogadores estão de olho”, explica.
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