Os últimos dois anos de pandemia refletem um enredo de filme clássico, com elementos de triunfo sobre a adversidade, ao lado de sentimentos como a perda, o sofrimento, a resistência e a esperança.
O presidente da Pixar — de propriedade da Disney –, estúdio que concebeu de “Toy Story” a “Monstros S.A.” entre outros, Jim Morris, conversou com a Reuters sobre a adaptação da organização a esse momento e sobre como manteve sua equipe unida em tempos de medo e isolamento. Confira trechos da entrevista.
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Você lidera uma equipe extremamente colaborativa e criativa, então, quando o vírus apareceu pela primeira vez, como lidou com isso?
Fomos todos pegos desprevenidos, é claro. Estávamos com a produção a todo vapor, terminando o filme “Soul”, e esperávamos continuar no escritório. Rapidamente se tornou evidente que isso não aconteceria.
Saímos do escritório em dois dias e, como estávamos trabalhando com um equipamento que poderíamos levar para casa, voltamos a rodar rapidamente. “Soul” foi entregue dentro do cronograma, cerca de quatro semanas depois, então talvez a pressão de fazer um filme fez com que nós focássemos.
Como suas equipes se adaptaram aos novos modos de trabalho?
Estamos todos incrivelmente gratos pela existência do Zoom, para que pudéssemos entrar na tela uns dos outros, conversar e colaborar. Não é como estar lá, mas funcionou bem o suficiente para nos manter em movimento.
Alguns departamentos foram mais prejudicados pelo trabalho remoto, outros nem tanto. Com equipes de roteiro, por exemplo, em que vocês entram em uma sala juntos e discutem ideias, parece funcionar melhor presencialmente.
O fato de tantas pessoas aqui trabalharem juntas por tanto tempo foi muito útil. Temos uma espécie de atalho um com o outro sobre como fazer as coisas.
Que lições de liderança você aprendeu com tudo isso?
Foi uma época complicada por vários motivos. As pessoas foram arrancadas do local de trabalho e talvez tivessem filhos em casa que tentavam estudar à distância, ou talvez não tivessem filhos e estivessem totalmente isoladas, tudo ficou mais intenso. Muitas coisas se juntaram e tornaram a liderança realmente difícil.
Para amenizar isso, começamos a fazer reuniões semanais, transmitidas a todos da empresa, para contar o que estava acontecendo de uma forma direta. Fizemos isso em conjunto com nosso diretor de criação, Pete Docter, e tentamos ser transparentes sobre os problemas com os quais estávamos lidando e ter empatia com o que eles estavam lidando.
Já que vocês são especialistas em contar histórias, onde estamos nesta grande história norte-americana, de passar por esse período?
R: Estou otimista de que teremos mais pessoas voltando para o estúdio — talvez não todos os dias, mas uma grande quantidade de pessoas voltando. Isso vai depender de muitas coisas, como novas variantes e mais vacinas para as crianças, para que os pais não fiquem tão ansiosos.
Que conselho você daria para outras empresas sobre colaboração em tempos de crise?
Eu sei que muitas empresas foram rápidas em dizer que trabalhariam remotamente para sempre. Acho que provavelmente não é a melhor receita para fazer a melhor colaboração criativa.
É excitante estar em uma sala com outra pessoa, trabalhar uma ideia em um quadro branco durante uma reunião de roteiro ou ler a linguagem corporal sem o filtro do Zoom. Meu conselho seria manter alguma colaboração pessoal, porque isso gera algo diferente do que você recebe à distância.
O que você prevê sobre o retorno aos cinemas?
Nossos filmes foram feitos para a experiência do cinema e são lindos de assistir na tela grande. Tivemos dois filmes lançados na Disney +, “Soul” e “Luca”, e ficamos gratos pelo sucesso obtido na plataforma.
Mas, no fundo, prefiro lançar filmes na tela grande, para a experiência comunitária. Espero que os filmes voltem aos cinemas e que mais pessoas voltem ao cinema, porque é uma experiência diferente do que assisti-los em casa.
Você tem um filme favorito da Pixar?
Eu produzi “Wall-E”, então estou inclinado a escolhê-lo. Mas em um nível emocional, há algo sobre “Up” que eu continuo voltando continuamente. E em termos de brilho absoluto da produção cinematográfica, “Ratatouille” é uma joia do cinema. Esses são os que vêm à minha mente.
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