Durante períodos de crise, como a pandemia da Covid-19, muito se fala em investir em ouro. De maneira geral, esse ativo é considerado um porto seguro para os participantes do mercado, porque é justamente nos momentos de incerteza que o metal se valoriza. Assim, segundo analistas consultados pela Forbes, o ouro é um ativo chave para a proteção da carteira de investimentos, embora seja necessário fazer algumas ressalvas.
O ouro é um ativo físico que já lastreou a reserva monetária de boa parte das economias globais. Esse metal começou a ser utilizado no comércio ainda na Idade do Bronze, como aponta Bruno Tebaldi, analista de risco da Nova Futura Investimentos. Desde então, as sociedades atribuem valor a ele, principalmente por conta da sua oferta limitada na natureza.
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Em teoria, essa escassez faz com que o ouro sempre guarde algum valor intrínseco, o que não ocorre com moedas ou ações, tendo em vista que elas podem ser fabricadas pelo homem e, consequentemente, ter o seu valor corrompido pelo excesso de oferta. De maneira oposta, o único fator que pode afetar o preço do ouro no mercado é a demanda – quanto maior, mais a cotação avança.
Fundos, ações e outros
Existem diversas formas de investir em ouro, embora algumas exijam mais conhecimento do que outras. Para quem está começando a investir nesse ativo agora, o mais indicado é começar com fundos de investimentos.
“[Através dos fundos], o investidor não vai se envolver com nenhuma questão operacional, porque tudo fica a cargo do gestor”, diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos. Esses fundos possuem carteiras compostas por diversos ativos que são escolhidos pelo gestor, embora a exposição majoritária seja ao ouro.
Existem três tipos principais de fundos de investimentos em ouro: em real, em real e CDI (Certificado de Depósito Interbancário), e em dólar. Neste último caso, o fundo acompanha as oscilações do câmbio e, portanto, pode ser mais benéfico para os investidores que estão mirando um prazo mais longo.
Uma maneira mais simples de investir em ouro é através da aquisição de ações de mineradoras dessa commodity, embora a relação com o metal não seja totalmente direta. No Brasil, a canadense Aura Minerals foi a primeira companhia do segmento a listar BDRs (Brazilian Depositary Receipts) na B3, em 2020. Seu ticker de negociação é AURA33, e as ações da empresa acumulam queda de 24% desde o início do ano.
Outras mineradoras que possuem BDRs são a americana Newmont Corporation (N1EM34), e a sul-africana AngloGold Ashanti (A1UA34).
Para quem sabe operar contratos futuros na Bolsa, também é possível adquirir contratos futuros de ouro. Esses instrumentos são acordos de compra do metal com preços prefixados – na data de vencimento, o investidor recebe a quantia acordada no contrato.
Esses ativos podem ser adquiridos na B3 através do código de negociação de OZ1. Cada contrato equivale a 250 gramas de ouro fino e se refere a barras físicas que ficam custodiadas em uma instituição credenciada. A dificuldade, nesse caso, é o preço de cada contrato, que pode ser muito elevado para o pequeno investidor.
Por fim, também é possível investir em ouro através da aquisição de barras. É possível comprar o ouro fisicamente através de corretoras especializadas e autorizadas a negociar o metal. “Lembrando que mesmo que você tenha o ouro em sua custódia, ele deve ser autenticado antes de vendido no mercado, e existem custos nessa autenticação, bem como o risco de liquidez”, acrescenta Tebaldi.
Quem opta por adquirir o ouro físico também precisa se atentar ao seu armazenamento, que deve ser feito em um local seguro. Assim, não é recomendado manter as barras em casa, e sim custodiá-las em algum banco, por exemplo.
“Há diversos investidores que não têm confiança no sistema financeiro e não acham que vão conseguir resgatar aquele ouro caso precisem”, explica Oliveira. “Também há o medo de confiscarem o ouro, ou de a cotação apresentada por outros meios ser diferente da cotação real. Então esses investidores preferem ter a segurança de portar o próprio ativo.”
Quando investir?
Segundo os analistas, não é produtivo ficar procurando pelo melhor momento para investir em ouro, tendo em vista que esse é um ativo de segurança que deve estar presente em pequenas quantidades na carteira do investidor a todo o momento. Para Cristina Cardoso, especialista da Veedha Investimentos, é muito difícil definir um preço alvo para o metal.
Durante a pandemia da Covid-19, considerando o período desde 1º de janeiro de 2020 até 16 de dezembro de 2021, o ouro apresentou valorização de mais de 60%. Porém, apesar de 2022 ainda guardar incertezas relacionadas à Covid-19 e ao período eleitoral, realizar grandes aportes no metal agora pode não ser a melhor estratégia. Afinal, o ativo já se encontra em patamares bastante elevados.
Assim, mencionando uma estratégia mais prudente, os analistas recomendam que o investidor reserve aproximadamente 5% da sua carteira de investimentos ao ouro, reforçando que é pouco comum que esse percentual exceda 10%.
“Se você não pega um cenário favorável, não dá para esperar que o ouro cresça por si só. Ele não tem nenhum tipo de atividade econômica, fluxo de caixa, geração de riqueza ou juros, diferente de ações e da renda fixa”, diz Oliveira.
Os analistas também reforçam que o ouro é um investimento de longo prazo, e que ele pode apresentar bastante volatilidade a curto prazo. Embora o comportamento do ouro perante o dólar seja diferente do ouro perante o real, essa volatilidade pode ser comparável à do mercado de ações.
Tebaldi também reforça os custos associados aos investimentos em ouro, que variam a depender da modalidade escolhida, mas podem ser elevados. “Existem outros veículos de investimento que também são considerados ‘seguros’ com custos muito menores.” Entre esses, vale destacar o próprio dólar, que apesar de não contar com o valor intrínseco do ouro, é considerada a moeda mais segura do mundo.
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