Futuro impensado: valores essenciais guiarão liderança

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Camila Farani: “o senso de responsabilidade social e o entendimento dos nossos valores pessoais e como sociedade estarão cada vez mais presentes nas nossas decisões” (Crédito: Getty Images)

Em tempos de novas tecnologias com seus dilemas éticos e da criação de um ambiente corporativo que atenda o desejo dos humanos de serem únicos e, ao mesmo tempo, de pertencer, um fator começa a aparecer como determinante para a construção do futuro da sociedade: a formação de líderes capazes de se concentrar na criação de valor, e de preparar os seus times para isso. “Existe espaço para pessoas sensatas desenvolverem um mundo bem melhor nas próximas décadas”, como diz Peter Thiel, cofundador do Pay Pal, no livro De zero a um. Valores essenciais que impactam diretamente a nossa capacidade de liderança e, desta forma, o crescimento saudável da operação, com base na autenticidade, nunca estiveram tão em alta.

Propensão a assumir riscos, criatividade, senso de estética, organização e a humanidade fortalecem a capacidade de liderar a inovação, como apontam estudos do Massachusetts Institute of Technology (MIT). E eles se conectam com princípios éticos, que geralmente surgem em cenários de conflitos e de resoluções importantes, como justiça e parcialidade, coragem e honestidade, sabedoria e critério, temperança e transcendência.

Por que isso tudo está sendo colocado na mesa? Quando falamos de inovação, estamos falando de pessoas. E liderar pessoas para um futuro incerto, altamente tecnológico e com a responsabilidade de responder a demandas urgentes da sociedade contemporânea, como tudo que envolve o universo do ESG, é algo para o qual não fomos preparados. Os líderes estão sendo chamados a mudar sua forma de agir e adotar uma gestão mais transparente e empática. Como fazer isso? Entendendo e fortalecendo valores essenciais, o que só acontece a partir da identificação das nossas qualidades – só com essa autoconsciência poderemos desenvolvê-las.

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Senso de responsabilidade, ética e justiça estarão cada vez mais presentes nas nossas decisões nesse mundo baseado em uma realidade nunca imaginada, da lógica do metaverso, dos robôs e dos objetos conectados por todas as partes. Medos vagos sobre o futuro distante não devem nos impedir de fazer planos definidos agora, reforça Thiel na sua obra. Mas precisamos nos preparar. Você já parou para pensar com será a nossa vida quando os carros autônomos se tornarem uma realidade comercial? Testes liderados por grandes players globais, como Tesla, Google, Uber, já estão acontecendo.

Existem, entretanto, questões éticas implicadas no uso das novas tecnologias nas quais precisam avançar. Quer um exemplo? Os computadores dos carros terão que tomar decisões muito complexas. Se um veículo autônomo estiver em uma estrada prestes a colidir com outro na direção contrária, o que a máquina deverá fazer? Do lado esquerdo, estão duas crianças caminhando no meio fio, no direito, um caminhão. Para qual lado ele deverá desviar – e possivelmente causar um acidente com vítimas?

Existem casos como de um robô matou um trabalhador de uma fábrica de carros no Japão, que tentava fazer reparos na máquina, pois não entendeu que existia um humano ali. Outro desafio é evitar os vieses de desigualdade que muitas vezes são gerados pelos algoritmos, e que já estão levando a decisões tendenciosas. Se uma máquina causar danos, quem será o responsável? Quem desenvolveu ou a empresa que está oferecendo o serviço? Quem supervisionará a decisão da máquina? Não é à toa que a ética é uma das principais áreas de pesquisa sobre Inteligência Artificial, a ponto da construção de uma IA confiável e explicável é considerada “o debate da próxima década”.

O senso de responsabilidade social e o entendimento dos nossos valores pessoais e como sociedade estarão cada vez mais presentes nas nossas decisões. Aos líderes resta entender esse novo mundo, se preparar e capacitar seus times para que eles sintam que podem ajudar nessa missão de construção desse futuro impensado.

Camila Farani é um dos “tubarões” do “Shark Tank Brasil”. É Top Voice no LinkedIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.

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