Forbes 100 Mulheres: a nova face do poder

  • Post author:
  • Reading time:7 mins read
picture alliance/Getty Images

Mackenzie Scott é filantropa e a terceira mulher mais rica do mundo. Nesse ano, a executiva foi eleita a mulher mais poderosa do mundo pela revista Forbes.

O que salta imediatamente aos olhos na lista das 100 Mulheres Mais Poderosas do Mundo deste ano é quem está no topo agora – e quem não está. No comando da economia mais forte da Europa por espantosos 16 anos, a chanceler alemã, Angela Merkel, reina suprema na lista da Forbes há um bom tempo. Com seu mandato chegando ao fim, sua partida representa um vazio gritante ou ressalta a natureza mutável do próprio poder? A resposta é: as duas coisas.

No momento em que as mulheres de todo o mundo continuam a suportar o fardo da pandemia de maneira desproporcional e se mostram à altura do desafio de nos conduzir à recuperação, há uma tendência que se acelerou e intensificou este ano: o poder agora vai além dos cargos tradicionais e pode ser exercido com eficácia e impacto de maneiras não convencionais.

Agora, mais do que nunca, nossa classificação anual reflete isso.

As novas faces do poder

Então, quem é a No. 1 este ano? O primeiro lugar está sendo assumido por MacKenzie Scott, que exemplifica claramente a nossa perspectiva mais ampla do poder com seu surgimento como peso-pesado da filantropia, sendo muito nova nessa área. Sua influência não provém do comando de uma grande empresa, de um país ou de um órgão governamental. Scott (ex-esposa de Jeff Bezos) é hoje a terceira mulher mais rica do mundo, mas ela não dirigiu a empresa responsável por sua fortuna.

“Não há dúvida de que Scott está mudando sozinha o modelo de doação de fortunas pelos bilionários, ao mesmo tempo que apoia causas que parecem perturbar o status quo. Em uma época na qual bilionários como seu ex-marido estão viajando pelo espaço, Scott vem usando sua enorme fortuna não só para apoiar organizações sem fins lucrativos que fazem um bom trabalho, mas também para questionar a maneira pela qual a riqueza e o poder são acumulados neste país”, escreve Maggie McGrath, editora da ForbesWomen, sobre essa primeira colocada que foge ao convencional.

MacKenzie Scott, No. 1 na lista das Mulheres Mais Poderosas do Mundo de 2021, publicada pela Forbes.

Assim, nosso centésimo lugar representa outro instantâneo dessas dinâmicas de poder em evolução: a cobrança de responsabilidade de setores da economia. A ousada decisão de Frances Haugen, a denunciante do Facebook, de expor as falhas éticas das grandes empresas de tecnologia foi um divisor de águas para a transparência em um setor cuja influência descomunal permanece sem controle há muito tempo.

SAIBA MAIS: As 100 mulheres mais poderosas do mundo em 2021

Mais poder em mais lugares

As mulheres pioneiras sempre geram manchetes, mas a principal lição de 2021 é que a influência feminina agora está sendo exercida em mais corredores do poder e com mais persistência do que nunca. De Wall Street a Hollywood, as realizações das integrantes da lista deste ano são formidáveis por si sós, e ainda mais quando se leva em conta a dificuldade de penetrar em setores tradicionalmente dominados pelos homens.

Jane Fraser (No. 14) quebrou antigas barreiras do setor bancário ao assumir o comando do Citi este ano. Reese Witherspoon (No. 74) e a nova bilionária Rihanna (No. 68) tornaram-se os talentos femininos de maior renda em suas respectivas arenas ao fazerem grandes apostas que reformularam narrativas, subverteram modelos de negócios tradicionais e estabeleceram novos padrões em seus setores. Novata na lista, a investidora celebridade Cathie Wood (No. 53), fundadora da Ark Invest, obteve um poder excepcional graças a suas previsões visionárias e sua capacidade de vislumbrar os avanços tecnológicos do futuro (investimentos pioneiros em Bitcoin e na Tesla, por exemplo).

Outro prenúncio do que o futuro nos reserva é o número de mulheres em ascensão na arena dos negócios em sociedades nas quais sua presença é fraca, como a Rússia (seu banco central), o Japão (governo de Tóquio), Singapura (grande fundo estatal), a Indonésia (empresa estatal de petróleo e gás), Abu Dhabi (banco), a Turquia (conglomerado industrial e financeiro) e a China (automóveis).

Na linha de frente da pandemia

Como as prioridades mundiais ainda estão centradas na pandemia, a liderança em saúde tem um impacto descomunal na nossa classificação, desde o desenvolvimento até a distribuição de vacinas. Ozlem Tureci (No. 48), cofundadora e diretora médica da BioNTech, fez história este ano quando a vacina da Pfizer contra a Covid-19, desenvolvida por ela e o marido, tornou-se a primeira a obter aprovação nos EUA. Emma Walmsley (No. 13), da gigante farmacêutica GlaxoSmithKine, continua encabeçando o promissor tratamento com anticorpos para a variante Ômicron, juntamente com seu conjunto de candidatas a vacina. Além de se tornarem as primeiras mulheres a liderar sua organização, Karen Lynch, da CVS Health (No. 11), e Rosalind Brewer, da Walgreens Boots Alliance (No. 17), são agora, respectivamente, a CEO mulher mais bem posicionada na S&P e a única CEO negra. Em sua função, elas não apenas definiram o padrão da distribuição de vacinas, como também estão trabalhando para corrigir as desigualdades na área de saúde que a pandemia trouxe à tona.

Definindo a pauta

A presença das mulheres nas altas esferas do poder político permanece anêmica em todo o mundo, sobretudo com a saída de Merkel, mas as líderes femininas estão na vanguarda dos pontos de atrito críticos e oferecem um mapa expandido para a orientação em tempos de crise. Com as tensões entre Taiwan e China em seu nível mais alto em décadas, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, subiu para a 9ª posição na lista, enquanto tenta defender sua democracia em um jogo de xadrez geopolítico que repercute no mundo inteiro. Com a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde (No. 3), e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (No. 8), as mulheres também estão no comando das instituições mais poderosas da União Europeia em um dos momentos mais difíceis da história do bloco. Kamala Harris (No. 2) assumiu este ano o cargo mais alto ocupado por uma mulher em toda a história da política norte-americana, um lembrete de que as aspirações das mulheres para o Salão Oval, embora fugidias, estão ao nosso alcance.

Se ampliarmos nossa definição de poder para além das medidas de riqueza e autoridade corporativa e incluirmos as maneiras novas e impactantes pelas quais as líderes já estão exercendo sua influência, dificilmente veremos um vácuo de mulheres poderosas. Enquanto olhamos para o futuro neste ponto de inflexão crítico, a lista das Mulheres Mais Poderosas do Mundo de 2021 mostra o ímpeto que vem crescendo e os novos caminhos que estão sendo abertos e que têm o potencial de transformar a face do poder por muitas gerações.

O post Forbes 100 Mulheres: a nova face do poder apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Deixe um comentário