O experimento do Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) com uma economia rodando em temperatura “aquecida” chegou a um território historicamente desconhecido, com uma taxa de desemprego nunca alcançada sem aumentos associados à taxa de juros e agora níveis de inflação que no passado também levaram a uma resposta da política monetária.
O Índice de Preços ao Consumidor dos EUA teve em novembro a maior alta em 39 anos, conforme dados divulgados hoje (10), em meio a sinais de que as pressões de preços estão se ampliando e provavelmente levando os formuladores de política monetária a aumentar significativamente as projeções de inflação, que estão aquém dos números divulgados recentemente.
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Isso pode levar a uma mudança da política monetária em si, com as autoridades acelerando os planos de encerrar as compras de títulos e, muitos analistas esperam, sinalizando que os aumentos das taxas de juros podem começar antes do previsto.
A taxa de desemprego também está piscando em vermelho, pelo menos pelos padrões anteriores do Fed. A taxa de 4,2% alcançada em novembro só foi atingida ou ficou abaixo desse patamar cerca de 20% do tempo desde o fim dos anos 1940, cobrindo quatro períodos de baixa desocupação, incluindo o fim dos anos 2010, que envolveram aumentos nas taxas de juros pelo Fed.
O banco central em 2020 concluiu que a inflação era menos arriscada e prometeu tentar fomentar mais empregos e reduzir a taxa de desocupação de uma economia que sentiu que havia mudado de maneira fundamental desde os temores de alta inflação dos anos 1980 –uma conclusão que agora está sendo testada em tempo real.
“Eles estão atrasados e penso isso há algum tempo”, disse Glenn Hubbard, ex-presidente do Conselho de Consultores Econômicos do presidente George Bush e agora professor de economia da Universidade de Columbia.
A nova abordagem do Fed esperava levar uma série de indicadores do mercado de trabalho, como a taxa de participação, de volta aos níveis pré-pandêmicos, mas Hubbard disse que “aquecer a economia… é uma aposta arriscada” se pretende compensar forças econômicas estruturais, como a demografia, que não respondem, pelo menos não rapidamente, à política monetária do banco central.
QUEDA REAL DOS SALÁRIOS
As autoridades do Fed ainda esperam que a inflação diminua por conta própria, muito embora se preparem para mudar a política monetária de maneira que permita aumentos cada vez mais rápidos nas taxas de juros no próximo ano.
Por cima, os salários estão aumentando à medida que os empregadores lutam para preencher vagas abertas em uma era de pandemia em que os desempregados relutam em voltar a seus postos por motivos de saúde, dentre outros. Com isso, aqueles que estão empregados ganharam força para buscar ocupações com salários mais altos.
“Os aumentos de preços continuam a apertar os orçamentos familiares”, disse Joe Biden, presidente do país, em comunicado hoje (10). “Estamos progredindo nos desafios relacionados à pandemia em nossa cadeia de suprimentos, o que torna mais caro colocar os produtos nas prateleiras, e espero mais progresso nas próximas semanas.”
Os fortes dados de inflação ao consumidor dos EUA referentes a novembro eram esperados, mas ainda assim “apenas solidificam o caso para uma redução mais rápida das compras de ativos” quando o Fed se reunir na próxima semana, disse Rubeela Farooqi, economista-chefe dos EUA para a High Frequency Economics. “Mais importante será a mensagem do chair Powell sobre o endurecimento da política monetária no futuro.”
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