A perda de competitividade do etanol hidratado frente à gasolina tem promovido redução de consumo e queda de preços do biocombustível, cujas cotações estão perto de níveis historicamente elevados após a quebra da safra 2021/22, segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), em relatório quinzenal sobre produção nesta quarta-feira (24).
Para a entidade que reúne as usinas do centro-sul, a queda de preço do etanol hidratado também tem promovido redução no valor do etanol anidro (misturado à gasolina), o que também contribui para redução do valor do combustível fóssil.
“A dinâmica de mercado observada nas últimas quinzenas já era esperada. A perda de competitividade econômica do etanol hidratado tem promovido redução no consumo do renovável e já equacionou o equilíbrio de oferta e demanda”, disse o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, em nota.
“Essa condição, associada ao menor consumo de combustíveis leves, tem promovido quedas sucessivas no valor do hidratado recebido pelos produtores, que tem se reduzido nas últimas três semanas”, comentou ele.
No final da semana passada, o preço do etanol na usina (sem impostos) foi cotado a 3,6563 reais por litro (média no Estado de São Paulo), segundo indicado Cepea, ante um pico de 3,8918 reais/litro na semana encerrada em 5 de novembro.
O etanol anidro foi contado a 4,3723 reais por litro no final da semana passada, ante pico de 4,5353 reais por litro no início de novembro.
Apesar da redução nas últimas semanas, os valores do etanol estão próximos de picos históricos, após a safra do centro-sul ter sido atingida nesta temporada por seca e geadas, o que reduziu a oferta dos produtos como açúcar e etanol.
De acordo com o executivo, “a queda de preço do etanol hidratado também tem promovido redução no valor do etanol anidro, pois os contratos de venda do produto vinculam o seu preço aqueles praticados para o hidratado”.
“Essa condição indica que o aditivo pode contribuir para a redução do preço da gasolina e, em termos de volume, temos condição de atender a migração para o consumo de gasolina com os estoques de anidro nos produtores, com a produção a ser realizada até março e com a importação do biocombustível que vem sendo observada”, acrescentou.
Na primeira metade de novembro, com a safra no centro-sul caminhando para o final, as unidades produtoras do Centro-Sul comercializaram um total de 988 milhões de litros de etanol, registrando retração de 25,56% em relação ao mesmo período da safra 2020/2021.
No mercado interno, as vendas de etanol hidratado alcançaram 538,85 milhões de litros, mantendo a trajetória de retração que, na última quinzena, foi de 32,09%.
A quantidade comercializada de etanol anidro aumentou 2,77% na comparação com a mesma quinzena do ano anterior, para 405,46 milhões de litros.
PRODUÇÃO
A produção de açúcar do centro-sul recuou 49,70% na primeira quinzena de novembro, para 626 mil toneladas, segundo a Unica.
Já a moagem de cana no período caiu 38,36%, para 12,55 milhões de toneladas, enquanto a produção total de etanol cedeu 36,9%, para 741 milhões de litros.
Desde o início do ciclo 2021/2022 até 16 de novembro, a moagem acumula queda de 11,80%, para 516,97 milhões de toneladas.
Na primeira quinzena de novembro 75 plantas estavam em operação (65 processando cana-de-açúcar, 2 unidades flex e 8 fábricas de etanol de milho), ante 114 unidades em operação no mesmo período da safra 2020/2021.
Até o momento, 187 empresas já finalizaram a moagem no ciclo 2021/2022, sendo 57 empresas com encerramento na última quinzena.
No acumulado desde o início da safra 2021/2022 até 16 de novembro, a produção de açúcar alcançou 31,84 milhões de toneladas, queda de 15,44% ante igual período do ciclo 2020/2021, enquanto a fabricação acumulada de etanol alcançou 25,84 bilhões de litros, sendo 10,39 bilhões de litros de etanol anidro (+14,79%) e 15,45 bilhões de litros de etanol hidratado (-19,84%).
Do total fabricado, 2,10 bilhões de litros do biocombustível foram produzidos a partir do milho.
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