Entenda a relação entre o kit de reparos da Apple e a cultura maker

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Arte utilizada pela Apple para divulgar a nova plataforma de reparos (Crédito|: Reprodução)

Faça você mesmo. Um dos lemas da cultura maker, que permeia vários segmentos, porém, ainda não se massificou, ganhou novos contornos com o anúncio da Apple, na quarta-feira, 17, do lançamento do Self Service Repair, um programa que permite aos próprios clientes consertarem seus devices. O serviço será lançado inicialmente nos Estados Unidos, em 2022, mas sem data prevista para chegar ao Brasil. O kit permitirá realizar reparos na tela, bateria e câmera sem a necessidade de uma assistência técnica.

A medida abre uma nova frente de consumo baseada na cultura maker onde os próprios consumidores são responsáveis por alongar a vida útil dos produtos. Um dos principais entusiastas e estudiosos da cultura maker no Brasil, Pedro Gravena entende que esse passo da Apple reacende um instinto humano de se conectar com os objetos e que com o consumismo deixou, em muitos casos, de existir. “O ser humano existe como consumidor há pouco mais de 150 anos, mas existe como maker há aproximadamente 1.7 milhões de anos. A força consumista é enorme e a gente deixou de fazer coisas para consumir coisas prontas, cada vez mais e mais. Mas o instinto está ali”, explica.

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Ainda de acordo com Gravena, quando a Apple anunciou que agora o próprio usuário pode consertar seus iPhones, ela só está assumindo isso. “Ou vai me dizer que você nunca teve vontade de abrir seu telefone para ver o que tem dentro? O movimento maker é forte e está por todos os lados, inclusive na Apple agora. Existe um mandamento maker que diz “If you can’t open it, you don’t own it” e na verdade eu sempre me senti não tendo um iPhone, agora vou poder ter. Não seria maravilhoso se tudo fosse assim? Se as montadoras pudessem te ensinar a repor e consertar seu carro? Sua casa? Seu micro-ondas?”

Ícaro de Abreu, publicitário que aplica os conceitos de cultura maker em suas campanhas, entende que a Apple dá um passo esperado e que tem uma relação direta com estabelecer uma nova base de fãs. “São pessoas que conhecem a Apple como ninguém, afinal o comportamento do usuário um pouco mais próximo da marca relacionado às questões de tecnologia já traz um pouco desse comportamento de acessar os fóruns de faça você mesmo. O que a Apple está fazendo de forma física para mim, é como funcionam todos os grandes produtos digitais com os quais nos relacionamos porque no final do dia é a gente que instala o nosso assistente de voz para poder acender a luz, para citar um dentre vários exemplos.”

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