Há cerca de duas décadas, alguns produtores se aventuraram no cultivo de uvas para vinhos finos na região gaúcha dos Campos de Cima da Serra. Aos poucos a cultura foi ganhando espaço e os vinhos se qualificando. Agora, a AVICCS (Associação dos Vitivinicultores dos Campos de Cima da Serra), entidade criada em 2017, buscou o apoio da Embrapa Uva e Vinho, unidade localizada em Bento Gonçalves, no estado, para conquistar um novo patamar na produção vitivinícola na região: a construção de uma nova Indicação Geográfica de vinhos. A região é composta pelos municípios Campestre da Serra, Monte Alegre dos Campos, Muitos Capões e Vacaria.
O primeiro passo nessa direção foi dado na semana passada, quando foi realizada uma reunião com representantes dos seis produtores de uvas e vinhos da região — RAR, Sopra, Sozo, Aracuri, Vinícola Campestre e Família Lemos de Almeida Vinhas e Vinhos —, mais representantes da Embrapa e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, do campus Bento Gonçalves, que apoiam tecnicamente o processo.
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“Estabelecer uma nova Indicação Geográfica fora da região tradicional é sempre um desafio, mas a existência de um grupo de produtores organizados associado ao potencial da região é um desafio perfeitamente tangível”, afirma Marcos Botton, chefe de transferência de tecnologia da Embrapa Uva e Vinho. Esta será a 11ª Indicação Geográfica de vinhos que conta com o suporte da empresa de pesquisa na sua estruturação.
A Embrapa irá formalizar um projeto de pesquisa que deverá ser aprovado pela AVICCS. Com base nessa proposta, outros agentes de desenvolvimento do setor vitícola, público e privados poderão se juntar ao projeto, como a Uvibra-Consevitis-RS. Para o presidente da AVICCS, André Donatti, além das apresentações visando o nivelamento conceitual e as fases para a conquista pelos pesquisadores Jorge Tonietto, da Embrapa, e Shana Flores, do IFRS, a reunião foi um marco inicial dos trabalhos. “Essa etapa foi fundamental para nossa caminhada. Temos certeza de que a Indicação Geográfica irá auxiliar não somente o setor vitivinícola, mas a região como um todo”, avaliou.
Atualmente, já estão em produção cerca de 100 hectares de uvas viníferas com uma colheita anual de uvas da ordem de mil toneladas. Com elas são processados cerca de 500 mil litros de vinhos que levam o nome da região, divididos entre brancos, rosés e tintos. Também são elaborados espumantes naturais, pelo método Tradicional e pelo método Charmat. Parte da produção é vinificada na região e parte processada na vizinha região da Serra Gaúcha. Tem destaque a produção das cultivares Merlot (30,6%), Pinot Noir (22,3%) e Chardonnay (13,7%), que são produzidas em vinhedos conduzidos em espaldeiras, por todos os produtores.
Para Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa e uma das principais autoridades no tema, a região já possui os elementos necessários para pleitear o reconhecimento, mas que precisam ser estudados e organizados para apresentar a solicitação ao INPI (Instituto Nacional de Proteção Industrial). “A realização deste evento foi fundamental para formalizar o interesse e nivelar com os produtores conceitos importantes e os próximos passos”, destacou. (Com Embrapa)
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