Durante a pandemia, impossibilitados de ir a bares e restaurantes, apreciadores de drinques precisaram recorrer a outras soluções para se aproximar, de dentro de casa, da experiência do balcão e do bartender. Opções hoje no mercado não faltam: de coquetéis engarrafados a vinhos em lata, caixas com especiarias para montar seu coquetel (como gim tônica em versão em sachê), misturas em pó e espumas saborizadas, tudo em embalagens práticas para o consumo e fáceis de serem transportadas.
Um exemplo é a F!ve Drinks, marca de drinques em lata que nasceu nos Estados Unidos em 2019 com ex-executivos da Ambev e foi trazida ao Brasil no final do ano passado. Segundo Felipe Szpigel, um dos brasileiros sócio-fundadores e CEO da empresa, a tendência de coquetéis engarrafados e bebidas alcoólicas premium em lata já existia no exterior, mas a crise sanitária da Covid-19 acelerou o processo.
VEJA TAMBÉM: Quem são as três mulheres por trás da cachaça Alzira
“A categoria estava explodindo lá fora e começando nacionalmente, mas o Brasil já se mostrou muito surpreendente para nós. Estimavámos vender um milhão de latas em dois ou três anos no país, mas isso já vai acontecer agora, no primeiro ano”, ele conta.
Hoje, o mercado de coquetéis “Ready To Drink” (RTD) – prontos para o consumo – é estimado mundialmente em US$ 782,8 milhões, com expectativa de crescimento de 12% ao ano até 2028, segundo a consultoria Grand View Research. Já a IWSR, especialista na análise de dados do setor de alcoólicos, enxerga que a categoria de produtos RTD dobrará em fatia de mercado nos próximos cinco anos, sendo responsável por 8% de toda a indústria de bebidas alcoólicas em 2025.
Há espaço nesse movimento para os produtos premium, que unem conveniência e qualidade: “Com os RTD, você não precisa mais ir a um bom bar para tomar uma boa bebida”, diz Szpigel. “Queríamos replicar a experiência de estar com um excelente bartender, mas em todas as ocasiões que são fora do ambiente do estabelecimento.”
Mesmo começando no exterior, o Brasil tem se mostrado gradativamente mais relevante neste mercado. “Estamos cada vez menos atrás de outros mercados. Existe hoje muita gente dedicada e estudando para desenvolver o setor e fazer coisas incríveis. E são esses profissionais menores fazendo coisas novas que chamam atenção da indústria para as tendências”, opina Carolina Oda, consultora na área de bebidas alcoólicas.
Um dos nomes pioneiros deste movimento, muito antes da pandemia, é o do mixologista paulistano Alexandre D’Agostino, por trás do bar do restaurante Spot por 18 anos e, até o ano passado, do Apothek. Neste último, ele criou em 2016 uma linha de coquetéis engarrafados, hoje transformada na marca APTK Spirits, com uma fábrica recém-inaugurada. “Lá por 2015 já estava começando um movimento no exterior, então enxergamos uma tendência e um nicho de mercado de começar a consumir mais bebidas em casa. Achei que faria sentido trazer para o Brasil”, relembra.
Por ser tão novidade, Alê conta que foi preciso criar um canal de comunicação com o público, já que poucas pessoas estavam acostumadas a beber coquetéis dessa forma – e até chegavam a duvidar da qualidade dos produtos. Mas hoje, quase cinco anos depois, até restaurantes entraram na onda: “Agora, há muitos estabelecimentos que compram os nossos engarrafados, especialmente clássicos como o negroni, e servem na hora para os clientes. Eles preferem assim, para focar na produção de drinques autorais do local”.
VEJA TAMBÉM: 10 melhores tequilas do mundo segundo especialistas brasileiros
Outro tipo de facilidade também vem chamando a atenção de donos de bares e restaurantes: os sachês. É o que têm percebido Juliana Oliveira e Rafael Guimarães, sócios fundadores da JR Destilados, desde 2019 com a linha ZIM de garrafas de gins e, a partir deste ano, com produção de embalagens menores de sachê. “Pode existir perdas grandes de produtos nos bares, é difícil ter um controle tão certo das garrafas e de quantos drinques elas de fato rendem. Normalmente uma garrafa deveria servir 15, mas podem-se perder até dois drinques por garrafa”, eles explicam. “Com o sachê, é resolvido o problema de supervisão de estoque e padronização dos coquetéis, porque cada um deles tem 50 ml, uma dose exata do destilado.”
Esse gargalo da indústria gastronômica não era o principal foco de Rafael e Juliana, mas a procura vinda desse perfil de cliente acabou sendo uma surpresa bem-vinda para os empresários. Vendidos no e-commerce, empórios e supermercados, os sachês foram especialmente pensados para o consumidor final: “Queremos que as pessoas possam levar o gim para a praia, a piscina, viagens, para casas de amigos, para onde elas quiserem”.
Confira, na galeria de fotos a seguir, mais detalhes sobre as empresas citadas e também outras marcas que têm chamado atenção no mercado de drinques e bebidas premium em garrafa, lata e outras embalagens fora do convencional.
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.
O post Coquetéis premium em garrafas, latas e até sachês ganham mercado dos alcoólicos apareceu primeiro em Forbes Brasil.