Há pouco mais de dois meses, foi anunciado pela Vitru Educação – controladora da Uniasselvi e listada na bolsa de tecnologia americana Nasdaq – um acordo de compra da Unicesumar por mais de 3,2 bilhões de reais. O negócio é um dos maiores da história do mercado educacional brasileiro e coroa uma trajetória de sucesso da empresa nascida em Maringá, no Paraná. A Unicesumar era altamente disputada no mercado, principalmente em razão dos resultados extraordinários da modalidade à distância do grupo educacional.
Por trás desta história está William Matos, filho do Reitor da Unicesumar, Wilson de Matos Silva. Jovem, comunicativo e de fala fácil, William assumiu como pró-reitor de educação à distância há 12 anos, em uma época em que a desconfiança do mercado em relação à modalidade era grande e os prejuízos enormes.
Matos conduziu a EAD Unicesumar a um crescimento estrondoso: foi de 1.000 alunos a 320.000 e de 54 polos para mais de 900. É importante mencionar que o crescimento não derrubou a qualidade da instituição, que tem nota máxima, de 5, no conceito institucional do MEC, e nota 4 há dez anos no Índice Geral de Cursos, algo extremamente positivo para o segmento.
É com essa bagagem que, no caso de aprovação da combinação de negócios pelo Cade, Matos assume a função de co-CEO da Vitru Educação, ao lado de Pedro Graça. A empresa se posiciona com favorita ao primeiro lugar da educação superior no Brasil, já que Uniasselvi e Unicesumar são lideranças no mercado em qualidade e crescimento há alguns anos.
Na entrevista a seguir você conhece um pouco mais sobre como pensa o executivo William Matos:
EXAME Solutions: O que significa para o mercado de educação a união dos grupos educacionais com maior crescimento em 2020, conforme o Ministério da Educação?
William Matos: Estamos aguardando a análise do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] para podermos de fato desenhar como será esse novo momento, mas acredito que temos potencial para estabelecermos um novo parâmetro de qualidade no ensino superior brasileiro. Entendo que podemos sonhar com a melhor plataforma de ensino digital do mundo, possibilitando que avancemos rumo a uma educação disruptiva, democratizada e excelente.
Por isso, acredito que para o mercado de educação seja algo muito positivo, já que o crescimento e a evolução de um dos players sempre impulsionam os demais a se desenvolverem. Assim como sempre lutamos muito na Unicesumar para não permitir que existissem vantagens competitivas em nossos concorrentes, tenho certeza de que eles farão o mesmo nesse momento de crescimento nosso.
Quais são as forças culturais de cada instituição, e como se agregam nesta combinação de negócios?
Existe muita sinergia e similaridade de propósito entre as duas instituições. Ambas têm um profundo desejo de ver o Brasil transformado através da educação de qualidade. Ambas acreditam que a melhor maneira de crescer é entregar um produto cada vez melhor aos alunos. Ambas sabem o papel fundamental dos profissionais excelentes que compõem o negócio, sejam eles dos polos ou das sedes. Ambas direcionam seus esforços para que a inovação tecnológica seja um pilar indispensável no planejamento estratégico da empresa.
Sendo assim, penso que podemos escrever uma história extraordinária a partir da soma de nossas experiências e da disposição em aprender mutuamente. Como diz o conhecido provérbio africano: “se deseja ir rápido vá sozinho, mas se deseja ir longe vá em equipe”. Nós queremos ir longe.
Você, Matos, entra como co-CEO do Grupo. Como enxerga essa forma conjunta de atuação?
É algo que me anima muito. O Pedro Graça é um dos profissionais que mais admiro no mercado e tenho a convicção que temos uma visão muito parecida de como conduzir o negócio: somos pessoas que sonham grande e que colocam o propósito como prioridade antes de tomarmos nossas decisões.
Apego-me bastante ao provérbio bíblico que diz que quem anda com sábios se torna cada vez mais sábio. Para mim, dividir a liderança é sempre uma forma de aprender. Há muito tempo sei como é fundamental para a empresa e para minha carreira trazer para perto grandes profissionais, nesse caso não é diferente.
Com a combinação de negócios, sua posição de CEO provavelmente terá um maior impacto no dia a dia do que a de seu pai no conselho. Como é estar nesta posição?
Em primeiro lugar, sinto-me orgulhoso de ter a oportunidade de continuar construindo o legado que meu pai começou há mais de 30 anos. Aprendi que legado não é o que você deixa para as pessoas, mas nas pessoas. Meu pai deixou em mim o legado de uma grande vontade de fazer a diferença neste país através da educação de qualidade, quero honrar isso e passar adiante.
Entretanto, também sei a grande responsabilidade que estou abraçando. Assumir um cargo como esse, ao lado de pessoas tão competentes e com objetivos tão relevantes, é desafiador e emocionante ao mesmo tempo. Dá aquele frio na barriga, mas é aí que entra a coragem, que parafraseando Aristóteles, é a qualidade mais importante, já que garante todas as outras qualidades.
Em uma operação como essa grandeza, como continuar com o mesmo propósito e objetivos?
Eu tenho para mim que, se você tem um propósito, uma convicção de seu papel nesse mundo, não pode se deixar influenciar pela circunstância, pelo momento. Isso vale para os momentos difíceis, onde ainda que tudo esteja dando errado e os resultados não estejam vindo, você não desiste porque sabe que seu propósito continua lá e na hora certa dará seus frutos. E vale para os momentos de ápice, onde somos recompensados com o senso de realização e tantos outros benefícios, mas também não paramos porque sabemos que ainda temos o dever de tornar a vida das pessoas ainda melhor.
Eu continuo com a mesma certeza de que o que faço liberta as pessoas de suas crenças limitantes e muda a realidade de muitas famílias. Sei que um aluno que se forma conosco tem seus olhos abertos para uma nova história com infinitas possibilidades, trazendo um futuro melhor para tantas gerações que virão a partir daí. Ainda existe muito a fazer.
Na sua visão, qual o futuro da educação no Brasil? A melhor forma de prever o futuro é criá-lo. Então, melhor do que eu dizer o que acredito que acontecerá, posso dizer o que pretendo criar como educador, pró-reitor e CEO: educação cada vez mais acessível, cada vez mais assertiva, cada vez mais tecnológica.
Quando foi que você percebeu que poderia ser um influenciador digital, exercendo a liderança além do ambiente de trabalho?
Napoleão Bonaparte dizia que um líder é um vendedor de esperança, e eu assino embaixo. Em todos esses anos à frente da EAD Unicesumar, sempre fez muita diferença liderar pelo exemplo, estar com os colaboradores nos momentos mais difíceis e mostrar, através de palavras, quanto acredito em nosso propósito e no trabalho de cada um deles. Buscar influenciar as pessoas, para mim, nunca foi apenas uma estratégia de liderança. É o único jeito que eu sei liderar. É o jeito Unicesumar: pessoas que influenciam pessoas.
Depois de anos fazendo isso apenas para os colaboradores de modo intencional, percebi uma oportunidade de ajudar mais pessoas e passei a fazer também para os alunos. Abri um canal no YouTube e comecei a gravar vídeos semanais com temas de motivação, perseverança e empreendedorismo. Por fim, aderi ao Instagram por causa do alcance da ferramenta. Tem sido uma jornada interessante que tem me conectado a muitas pessoas. Sempre digo que se fizer diferença para um, já valeu a pena.
Você traz uma grande experiência no ensino superior, mas faz um ano que está à frente da Happy onde o foco é crianças e adolescentes, por que apostar neste cenário?
Desde que conheci a Happy, me apaixonei pelo seu propósito: formar pessoas capazes e desejosas de mudar o mundo. Se o que fazemos no ensino superior já é totalmente transformacional na vida de alguém, imagina o potencial de ensinarmos desde cedo ferramentas e habilidades que permitam alguém a sonhar ilimitado e a chegar longe.
Como não apostar em uma empresa que se preocupa em ensinar a nossas crianças e adolescentes habilidades do século 21 de uma forma profunda e divertida? Que usa objetivos sustentáveis da ONU em sua metodologia para criar consciência social ao mesmo tempo que, de forma lúdica, desenvolve um mindset que muitas vezes só encontramos nas melhores especializações?
Quando olho para o que a Happy desenvolve nos alunos indiretamente, somada às habilidades que se propõe a ensinar como foco central – programação, educação financeira e oratória – penso que é tudo que eu gostaria de ter aprendido mais cedo e que desejo que meus filhos saibam para enfrentar os desafios do mercado de trabalho, em qualquer segmento que escolham atuar ou empreender.
É por tudo isso que escolhi investir e tomar a frente da Happy. Sei que não estou só conduzindo mais uma empresa, mas sendo responsável por construir o futuro da sociedade, formando os profissionais que transformarão este mundo em um lugar melhor.
Quais são os pontos fortes da Happy?
Em primeiro lugar, o jeito Happy de ensinar e aprender. Como o próprio nome diz, temos a preocupação de fazer isso de uma forma feliz. Queremos mostrar que é possível proporcionar ao aluno uma experiência divertida e emocionante de aprendizado, ao contrário do que vemos nos modelos tradicionais. Na Happy, o aluno é o protagonista do aprendizado e o professor é um facilitador, dessa forma o aprender brincando resulta em um aluno autônomo, ávido por experimentação e cocriador de soluções.
Em segundo lugar, seu método de ensino exclusivo, o LET (lean education technology). Um sistema desenvolvido pela equipe de tecnologia educacional da Happy baseado no modelo STEAM, uma metodologia que integra os conhecimentos de artes, ciências, tecnologia, engenharia e matemática.
Em terceiro lugar, os benefícios de quem estuda na Happy. Mais do que programadores, economistas e comunicadores, formamos pensadores, criadores e transformadores. Na Happy Code, trabalhamos para capacitar o aluno a desenvolver soluções para um mundo mais feliz. Na Happy Money, oferecemos autonomia para realizar o sonho de um futuro próspero e feliz. E na Happy Speech, ensinamos a coragem para comunicar, crescendo confiante e feliz.
Acredito que a Happy é um presente para a geração que está vindo assumir nossos lugares.