O mercado dos tokens não fungíveis, da sigla em inglês NFT, vem ampliando presença em segmentos importantes. Depois de se popularizar por meio da música e da moda, os ativos digitais baseados na tecnologia blockchain estão chegando com cada vez mais força no mundo esportivo. No início da semana, o Corinthians anunciou, em parceria com a Chiliz, plataforma especializada em blockchain, uma campanha para torcedores baseada em NFTs no site de apostas Sócios.com, que possui 1,3 milhão de inscritos e mantém a presença de outros times como PSG, Barcelona e Juventus.
O programa de fan tokens do Corinthians vem sendo testado desde junho. Na semana passada, o espanhol Barcelona iniciou a venda de NFTs baseados em momentos históricos do clube, entre gols e outros elementos. O projeto foi inspirado no NBA Top Shot, programa da liga de basquete que se tornou referência no uso de NFTs para o esporte. Em maio deste ano, o Atlético Mineiro colocou, via leilão, um NFT de obra digital. A peça foi feita pelo artista Pedro Nuin, que recriou uma defesa de pênalti do goleiro Victor, na partida contra o Tijuana, pelas quartas de final da Copa Libertadores de 2013.
“É uma oportunidade de oferecer a colecionadores de todo o planeta uma obra digital feita com exclusividade”, disse, à época, Plínio Signorini, CEO do Atlético Mineiro. Amir Sommogi, especialista em marketing esportivo e fundador da Sports Value, pondera que esse movimento dos NFTs mostra que o futebol ainda precisa ser melhor explorado do ponto de vista de tecnologia e inovação. “Hoje, no mundo do venture capital, ainda pouco chega ao esporte. Mas vemos um movimento do surgimento das sportechs de engajamento para fãs, transmissões online, gestão de dados e marketplace que estão mudando o ecossistema”, explica.
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Segundo Sommogi, pesquisas apontam que os torcedores jovens, target importante dos times, estão mais interessados em e-sports e isso acende um alerta. “A saída é trabalhar várias frentes, uma delas é se associar a grandes eventos de e-sports como Fortnite, Dota2 e League of Legends, mas não com um time terceirizado, e sim como uma nova forma de se relacionar com esse público”, explica, reforçando que os NFTs tem enorme potencial neste contexto. “O Barcelona percebeu que isso é fundamental nos dias atuais, não só para fazer receita, mas manter um vínculo digital com a torcida.”
Para o especialista, no Brasil, o Atlético Mineiro foi pioneiro no tema. “Um time importante que colocou em prática um trabalho que aliou tecnologia, marketing e comunicação e conseguiu ganhos financeiros, mas principalmente de branding. O Atlético é muito mais famoso no mundo das sportechs que outros clubes. E muitos dos que compraram os NFT´s e tokens estavam fora do Brasil, gerando até um movimento de internacionalização”, conta.
Rocelo Lopes, especialista em blockchain e advisor da Doge Super Bowl, reforça outro movimento importante, que é a democratização das finanças em jogos. “Que tomou corpo na pandemia e ajudou milhares de pessoas. O que me chama atenção nessa negociação dos ativos digitais é a democratização. A gente já vê, há alguns anos, times de diversos jogos ganhando popularidade, patrocínios e começando a gerar receitas, porém, como o blockchain e o uso de NFT, isso se tornou mais acessível.”
“Outro uso bastante comum com o NFT foi a criação de museus online, principalmente por conta da pandemia com obras digitais. Como em um museu, além de apreciar as obras, elas também estão disponíveis para venda. Você pode comprar e ainda ganhar o registro, além de ter também os direitos. Se o museu, mesmo que virtual, cobra uma taxa de entrada, você ainda pode ganhar um percentual, ou seja, as possibilidades são muitas”, afirma Rocelo.
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